quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Dos ficantes aos namoridos


Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.

Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".


Texto de Martha Medeiros.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

É tão difícil assim?


Quando você é pequeno e conversam sobre isso, você não entende, ignora, fica com nojo e ignora. Acha que é bobeira, que não tem necessidade, enfim, não entende como funciona.

Você começa a crescer, e acha que sente isso. Aquele frio na barriga, o nervosismo, os mil planos, os desejos, os sonhos, a imagem que não sai da cabeça, o sorriso interpretado de vinte formas diferentes. Um sorriso sem nenhuma outra intenção é encarado como o sorriso da sua vida. E isso passa. E acontece mais uma, duas, três vezes. E passa.

Até que chega o momento que você acha que entende tudo sobre o assunto, pensa dominar todos os seus sentidos, que está acima da razão e do sentimento. Ah, você é muito ingênuo mesmo...

Sorte de quem não consegue dominar isso e se entrega, cai de cabeça, se arrisca. No final, ou tem a felicidade do lado ou tem lições pra aprender. E quem acredita dominar isso? E quem vive na eterna busca?

Vou te dizer, esse lance de achar o amor da sua vida é complicado. Na época em que vivemos, é mais complicado ainda achar alguém que possa chegar à esse posto. Alguém que preencha os requisitos mínimos.

Você conhece uma pessoa assim? Vai atrás, se esforça. Talvez não ache mais alguém com esses requisitos que você julga necessários...

E pra quem não conhece?

"E hoje em dia, como é que se diz: Eu te amo?"

domingo, 18 de novembro de 2012

Polos


Me sinto como um imã. Atraio problemas. Tenho a habilidade incrível de atrair problema de todas as formas. Relacionamentos, amizades, com conselhos, brincadeiras, seja lá o que for. Não é lá uma qualidade, mas também não sei se identifico somente como defeito. Às vezes pode ser um sinal de autenticidade, de ser quem você realmente é. Às vezes, não.

Algumas pessoas acham que você só gosta de ver o circo pegar fogo. Por que acham isso, logo de você?
É só mais um cara com sonhos e desejos, confusos e complicados.
Afinal, complicado é quase seu sobrenome.

Azar de quem acha que consegue descomplicar...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

E aí tudo muda...

Calma, minha linda. Não tenhamos pressa. Não sejamos ansiosos, nervosos ou precipitados. As coisas sempre acontecem da forma que tem que acontecer. Sejam elas certas ou erradas, e isso não está nas nossas mãos... O que depende da gente é apenas o caminho que vamos seguir. Se vamos chegar ao final da estrada, se vamos chegar juntos ou se a vida vai pregar alguma peça em nós, não temos como saber.
Mas precisamos tentar, certo?

Vamos seguir as etapas certas, meu amor! Não começamos com erros, não tem porque darmos errado. Já falei isso aqui, né?

Somente essas palavras são necessárias agora. Vamos viver um dia de cada vez, curtir um sorriso de cada vez e sentir saudade de um abraço de cada vez...

"Ela me encontrou, eu tava por aí, num estado emocional tão ruim, me sentindo muito mal..."

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Essa menina...

Ela tinha uma péssima mania. Só via o lado ruim das coisas.
Nada agradava, nada era bom o suficiente, nada saía como queria que fosse. Vivia com uma amargura no coração, aguardando a ligação que mudaria sua vida, a carta que nunca chegaria ou as palavras que nunca ouviria.

Essa mania de nunca ver algo positivo em meio até mesmo ao caos, acabava corroendo sua alma, o que ela era por dentro, o que ainda acreditava. Simplesmente pela descrença nas coisas boas da vida. O que é isso, menina? Viver é quase um jogo, tem as fases fáceis, as difíceis...
E convenhamos, que fases, né?
Mas elas passam. Só não passam se nós não nos permitirmos. E aí? Vai ficar parada e deixar a amargura te possuir ou vai tentar seguir sua vida, tentando acreditar em coisas boas, por mais altos que os muros sejam?

Não perca a esperança que a vida possa lhe proporcionar coisas boas. Não deixe de acreditar que a sua hora vai chegar. É tradicionalíssimo, mas não deixa de ser real. Mentes fechadas e escuras só atraem coisas ruins. Abra a mente, o corpo e a alma. Deixe estar que o que for pra ser, vigora...


"Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar..."